domingo, 31 de outubro de 2010


Alguns meses atrás eu tive a oportunidade de visitar o orfanato
Dom Bosco, de ver de perto uma realidade muito diferente da que
eu conhecia, a história de crianças que foram abandonadas pelas
pessoas que mais amam: Os pais e familiares. Adolescentes que
perderam sua mães pras drogas, crimes e prostituição, crianças
que foram abusadas sexualmente dentro da sua própria casa.
Isso serviu como um choque de realidade não só pra mim, mas
acho que pra todos que estavam lá, ver o rosto de cada uma delas
sorrindo pra gente e os olhos brilhando por apenas uma visita,
onde mesmo impressionadas com tudo isso tentamos fazer da melhor
maneira possível, que elas se divertissem ao máximo com as nossas
brincadeiras, oficina de pintura, músicas, lanche. E sabemos que
elas ficaram muito felizes com aqueles momentos, e que todas as
freiras que estavam ali presente também conseguiram exergar isso
nelas, tamanha era a felicidade daquelas crianças.Além disse, doamos
também cestas básicas, com os alimentos que elas mais precisam,
afinal é das doações e da solidariedade da sociedadeque que ela sobrevivem.
Com tudo isso eu pude notar várias coisas, e uma delas, foi como nós
que temos moradia, pai, mãe, amigos, alimentação em todas as refeições,
tudo que necessitamos, e mesmo assim reclamos da vida e sempre estamos
insatisfeitos e não valorizamos tudo que temos, vejam só a capacidade
de falta de bom senso do ser humano.
Bom, mas estava indo tudo muito bem, quando uma das meninas mais velhas,
começa a perguntar pra uma de nós visitantes, se trouxemos maconha...
É, ficamos assustadas, mas uma coisa tivemos que entender, o tempo que
ela ficou fora do orfanato foi apenas isso que ela viveu e presenciou,
e não devemos julgar pelo que ela falou e sim o que ela já passou, e com
tranquilidade explicar o que é a maconha, o que ela já sabia, mas não sabia
as consequências, e é isso que devemos mostrar não só pra ela mas pra todos.
Esquecendo um pouco desse capítulo desagradável, as crianças foram super
carinhosas, todos pra elas eram tios e tias, e isso demonstrou o quanto
elas precisam de amor. Como se não bastasse, ao final da visita, quando
fui me despedir de todas, uma delas em que me recordo do nome perfeitamente,
Micaely, após me abraçar se despedindo olhou nos meus olhos e fez a pergunta
que mais mexeu comigo em toda minha vida: - Você quer ser minha mãe ?
Sem ter a mínima ideia do que responder, e as lágrimas surgindo nos meus olhos,
lutando pra segura-las e elas insistindo em cair, eu percebi que o mundo
realmente é muito injusto e me perguntei o porqque disso, sinceramente... até hoje
nem eu e acho que ninguém sabe a resposta. A vontade que dá é de levar pra casa
e cuidar dessa criança com todo amor do mundo, ao mesmo tempo sente um alívio
por saber que naquele dia algo de muito útil foi feito... E sem saber o que
dizer pra Micaely, eu apenas olhei pra o rosto dela e fui correspondida com
um sincero abraço.

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